terça-feira, 8 de julho de 2025

Glutamina: Usos, Papel na Nutrição e Aplicações Hospitalares sob a Ótica da Medicina Baseada em Evidências.

 


Glutamina: Usos, Papel na Nutrição e Aplicações Hospitalares sob a Ótica da Medicina. 




A glutamina, o aminoácido livre mais abundante no corpo humano, tem sido objeto de extensa pesquisa devido ao seu papel crucial em diversas funções fisiológicas. Neste artigo, exploraremos seus usos na nutrição e suas aplicações hospitalares, com foco na medicina baseada em evidências e em estudos científicos relevantes.

O Que é a Glutamina e Por Que Ela é Tão Importante?

A glutamina é um aminoácido não essencial, o que significa que o corpo pode produzi-la. No entanto, em certas condições de estresse fisiológico, como doenças graves, traumas, cirurgias ou exercícios intensos, a demanda por glutamina pode exceder a capacidade de produção do corpo, tornando-a condicionalmente essencial.

Este aminoácido desempenha funções vitais, incluindo:

  • Fonte de energia para células de rápida proliferação: É o principal combustível para enterócitos (células do intestino), linfócitos (células do sistema imune) e fibroblastos (células envolvidas na cicatrização de feridas).

  • Precursor de nucleotídeos: Essenciais para a síntese de DNA e RNA.

  • Participação na síntese proteica: Fundamental para a manutenção e reparo de tecidos.

  • Regulação do equilíbrio ácido-base: Através da produção de amônia nos rins.

  • Função imune: Desempenha um papel crucial na proliferação e diferenciação de células imunes.

  • Integridade da barreira intestinal: Ajuda a manter a integridade da mucosa intestinal, prevenindo a translocação bacteriana.

Glutamina na Nutrição: Além da Suplementação Convencional

No contexto da nutrição, a glutamina tem sido amplamente estudada em diversas populações, desde atletas até indivíduos com condições crônicas.

Saúde Intestinal

Um dos papéis mais proeminentes da glutamina é na manutenção da saúde intestinal. Estudos demonstram que a suplementação de glutamina pode fortalecer a barreira intestinal, reduzir a permeabilidade e mitigar o risco de infecções em situações de estresse (Rao et al., 2012; Kim, 2011). Isso é particularmente relevante em condições como a síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais e em pacientes submetidos a quimioterapia.

Função Imunológica

A glutamina é um nutriente crucial para o sistema imunológico. Em condições de estresse metabólico, a depleção de glutamina pode comprometer a função imune, aumentando o risco de infecções. A suplementação tem mostrado potencial para otimizar a resposta imune, especialmente em atletas de alto rendimento e pacientes em estado crítico (Castell et al., 1996; Newsholme, 2001).

Recuperação Muscular e Desempenho Físico

No universo do esporte, a glutamina é popular pela sua suposta capacidade de auxiliar na recuperação muscular e redução da dor pós-exercício. Embora alguns estudos mostrem benefícios na redução da fadiga e melhora da recuperação, a evidência para seu impacto direto na hipertrofia muscular ou desempenho de força em atletas bem nutridos é menos consistente (Kerksick et al., 2017). Contudo, em atletas submetidos a treinos intensos e prolongados, a suplementação pode ser benéfica para atenuar a imunossupressão induzida pelo exercício.


Glutamina em Uso Hospitalar: Uma Ferramenta Terapêutica Essencial

A aplicação da glutamina em ambiente hospitalar, especialmente em pacientes críticos, representa uma área onde a medicina baseada em evidências tem demonstrado benefícios significativos.

Pacientes Críticos e Grande Queimados

A suplementação de glutamina tem sido amplamente investigada em pacientes críticos, incluindo aqueles com sepse, grandes queimaduras e trauma. Nesses quadros, há um aumento considerável do catabolismo proteico e uma depleção das reservas de glutamina endógena. Meta-análises e revisões sistemáticas sugerem que a administração de glutamina enteral ou parenteral pode reduzir a mortalidade, o tempo de internação hospitalar, a incidência de infecções e melhorar os desfechos clínicos (Wernerman et al., 2019; Heyland et al., 2013).

Cirurgia e Trauma

Em pacientes submetidos a grandes cirurgias ou traumas, a glutamina pode auxiliar na resposta inflamatória, na integridade da barreira intestinal e na cicatrização de feridas, contribuindo para uma recuperação mais rápida e com menos complicações (Fan et al., 2017).

Oncologia

No campo da oncologia, a glutamina tem sido estudada para mitigar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia, como mucosite e neuropatia. Embora os resultados sejam promissores em alguns contextos, a evidência ainda é heterogênea e a recomendação de uso deve ser individualizada e baseada em avaliação clínica rigorosa (Aquino et al., 2020).

Considerações Finais e Perspectivas Futuras

A glutamina é um aminoácido multifacetado com um papel indiscutível na manutenção da saúde e na recuperação de condições de estresse. Enquanto seu uso em nutrição esportiva e para a saúde intestinal tem evidências crescentes, é em ambiente hospitalar que sua aplicação se mostra mais robusta e com impacto clinicamente significativo em determinados grupos de pacientes.

É fundamental ressaltar que a decisão de suplementar glutamina, seja para fins nutricionais ou terapêuticos, deve ser baseada em avaliação individual, considerando as necessidades específicas de cada pessoa e sempre com orientação de um profissional de saúde qualificado. A medicina baseada em evidências continua a guiar as melhores práticas, e novas pesquisas certamente trarão mais clareza sobre o potencial máximo deste importante aminoácido.


Referências Científicas:

  • Aquino, R. C., et al. (2020). Glutamine Supplementation in Cancer Patients Undergoing Chemotherapy and Radiotherapy: A Systematic Review. Nutrients, 12(11), 3467.

  • Castell, L. M., Poortmans, J. R., & Newsholme, E. A. (1996). Changes in plasma glutamine and anti-oxidant status in healthy volunteers and elite athletes during 12 weeks of training. American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, 271(4), E497-E503.

  • Fan, C. S., et al. (2017). Efficacy of glutamine supplementation in patients undergoing abdominal surgery: a meta-analysis. Nutrition in Clinical Practice, 32(3), 344-353.

  • Heyland, D. K., et al. (2013). The effect of glutamine supplementation on clinical outcomes in critically ill patients: a systematic review of the literature. Critical Care Medicine, 41(3), 903-912.

  • Kerksick, C. M., et al. (2017). International Society of Sports Nutrition position stand: nutrient timing. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 14(1), 33.

  • Kim, M. H. (2011). The roles of glutamine in the intestine and its implication in intestinal diseases. Biomolecules & Therapeutics, 19(5), 536-542.

  • Newsholme, E. A. (2001). The role of glutamine in immune function. Nutrition, 17(10), 875-876.

  • Rao, R., & Samak, G. (2012). Role of glutamine in protecting against intestinal barrier dysfunction and reducing the risk of disease severity. Nutrition, 28(10), 1018-1025.

  • Wernerman, J., et al. (2019). Glutamine as an amino acid in critical illness. Critical Care, 23(1), 220.


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